Uma briga fora do tempo. E a cidade que lute com seus problemas

Márcio Didier

Numa semana marcada por mais um confronto entre o Palácio do Campo das Princesas e a Assembleia Legislativa, uma disputa política no terceiro maior colégio eleitoral do Estado roubou a cena. Professor Lupércio e Márcio Botelho, prefeito e vice de Olinda, respectivamente, ocuparam espaço no noticiário em uma briga que ainda está longe do fim, numa antecipação, indevida (por vários motivos) da disputa eleitoral de 2024.

A primeira coisa que vem à cabeça, quando se fala em indevida, é que estamos a mais de 10 meses das eleições. Prefeito e vice foram eleitos para trabalharem juntos pelo bem da cidade. E isso não tá acontecendo. Na política, o público sempre vem, ou deveria vir, na frente das pretensões individuais. Então, o que estão fazendo é subverter a ordem das prioridades. Olinda tá cheia de problemas de toda ordem. É buraco, calçadas desmanteladas, orla sem vida, pessoas consumindo crack no meio da rua, entrada da cidade caótica e feia… Então, dividir absolutamente não é o caminho correto e digno para seguir.

Esfera política

Mas já que o embate é eleitoral, não custa analisar. Na política, quem escolhe o adversário é quem está no poder, independentemente da esfera. Analisa o perfil dos adversários é traça um plano para ver qual o caminho mais tranquilo para se chegar à vitória e manter o poder.

Com a sua jogada, Márcio Botelho conseguiu o que todo o adversário deseja. Justamente polarizar com a máquina pública. Numa eleição em dois turnos, quem consegue se colocar nessa posição já sai ganhando em relação aos outros adversários.

Ou seja, quem escolheu num primeiro momento o opositor de Mirella Almeida, candidata de Lupércio na disputa pela prefeitura de Olinda, não foi a atual gestão. Morderam uma isca e foram para o embate. A não ser que considerem Botelho como o candidato ideal para a disputa. Mas se realmente fosse isso, não divulgariam duas notas sobre o mesmo assunto – o episódio dos funcionários do gabinete -, com poucas horas de diferença entre elas. Soou como improviso, e não como estratégia já definida. De toda forma, deram um tamanho e um discurso de injustiça que Botelho ainda não tinha.

Nada positivo

A briga política, no ano que antecede a eleição, não traz nada de positivo para a cidade e para quem está no poder. Só desgaste e uma sensação de que está mais preocupado com o período eleitoral do que com o município em si. Isso não é legal.

E se for levar para a questão política, notaram que o nome da pré-candidata do prefeito, Mirella Almeida, que é desconhecida do público, só apareceu neste texto nesta semana toda de confusão? Pois é. Nem pela parte eleitoral foi positivo para a atual gestão.

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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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