Márcio Didier
O deputado estadual Álvaro Porto foi eleito presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco em 1º de fevereiro deste ano, contra a vontade do Palácio do Campo das Princesas, vale salientar. Em nove meses de gestão ele pautou e colocou em votação o que nenhum outro comandante do legislativo estadual conseguiu. Criou, com isso, as bases para construir o que os deputados chamam de “independência” do Poder em relação ao Executivo.
Independência de um, dependência de outro. Os projetos aprovados nesses nove meses aos poucos foram colocando o Executivo contra a parede, dando vida própria aos parlamentares.
À espelho do que ocorre no Congresso Nacional, todas as vezes que necessitar aprovar uma matéria mais polêmica daqui para frente, a governadora e os futuros (as) governadores (as) terão que ir à mesa negociar no varejo a aprovação.
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Foi para evitar isso que o PSB trabalhou forte no Parlamento, por exemplo, para barrar propostas como a que permitia que os deputados legislassem em matéria tributária. Seria uma primeira porta aberta para “independência” do Legislativo. A matéria foi aprovada na gestão de Álvaro.
E as derrotas do Governo na Casa de Joaquim Nabuco foram se acumulando. Veio a ampliação do valor de emendas individuais, derrubada da Lei de Diretrizes Orçamentárias, impondo um relatório que fortalecia a Alepe e os deputados de uma forma jamais vista. A governadora não gostou. Tentou peitar, colocando sete vetos na LDO, que foram derrubados em mais uma derrota para a conta.
Álvaro Porto é hábil nas negociações e um trator nas votações. Impõe limites para as conversas. Se elas não avançam, coloca para votar. Se necessário, para dissipar qualquer dúvida que por acaso exista, encaminha a votação. Foi o que ocorreu no caso dos vetos, em que, no plenário e da cadeira da presidência, anunciou categoricamente que seria contra, antes mesmo de os deputados começarem a votar.
Com modo de ação que lhe é peculiar, rápido e sem espaço para contestação, ele decidiu acertar logo a sua reeleição, antes mesmo que a governadora pudesse recuperar o fôlego e se fortalecesse com isso. Com Álvaro no comando, os deputados têm a certeza de que têm um escudo necessário para manter a “independência” da Casa até 2026. E isso foi mostrado na votação unânime que permitirá a antecipação de mais um mandato para ele.