Márcio Didier
O tema da redação do Enem deste ano – “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher” – deu possibilidade para uma série de análises sobre o papel da mulher no dia a dia, sempre o apontando protagonismo da mulher na vida cotidiana, mas que na maioria das vezes é ofuscado pela sociedade ditada pelo patriarcado.
Pernambuco tem pela primeira vez na história uma mulher eleita governadora do Estado, Raquel Lyra. Nada mais justo para um estado cujo eleitorado é composto por 53,59% do sexo feminino. Mas a boa vontade em eleger uma mulher parou por aí.
Em qualquer roda de conversa, é recorrente críticas à governadora. Questionam de tudo: do professor do cadastro de reserva que não é chamado, do buraco da estrada que não é tapado –e as estradas de Pernambuco são horríveis e não é de hoje –, mas sobretudo a crítica maior recai sobre a questão da violência.
Cobram de Raquel um combate mais efetivo aos criminosos que agem cada vez mais à luz do dia. É bem verdade que a governadora já deu vários prazos para anunciar o Juntos pela Segurança – plano de combate à criminalidade que sucederá o Pacto pela Vida de Eduardo Campos e que já vinha cambaleando com Paulo Câmara –, e não cumpriu. Diz que desde abril ele já está em vigor com ações pontuais. E agora prometeu para novembro o anúncio do plano. Mas sem data.
Mas, de certa forma, o que se vê em Pernambuco é justamente o que o tema da redação do Enem quis jogar luz: trazer esse debate para a sociedade, que na maioria das vezes é misógina e patriarcal. A mulher, para além das questões profissionais, tem outros turnos no seu dia, como mãe, dona de casa e por aí vai. E não são reconhecidas por isso. Por outro lado, sofrem, na maioria das vezes, um nível de cobrança mais forte do que seria com os homens. E a Raquel governadora está incluída nisso.