Quando esteve no Recife, no último dia 11 de outubro, o ministro da Justiça, Flávio Dino, deu a dimensão da batalha contra todos os tipos de bandido, principalmente traficantes. Disse que só este ano foram apreendidos bens e drogas no valor em torno de R$ 3 bilhões. E outros R$ 8 bilhões seriam retirados do tráfico ainda este ano. Ele estava em Pernambuco para anunciar R$ 160 milhões. Uma briga de bilhões contra milhões.
O que aconteceu no Rio nesta segunda-feira (24), quando 35 ônibus foram incendiados, e as mortes em via pública aqui no Estado, mostram que esse confronto entre poder público e bandidagem é desproporcional e a impressão é que estamos rodando em círculo sem encontrar uma saída.
Em Pernambuco, dois assassinatos chamaram atenção nos últimos dias. Na última quinta-feira (19) à noite, o juiz Paulo Torres Pereira da Silva foi executado quando chegava em casa, em Candeias. No último domingo, José Otávio de Queiroga Maciel Júnior, que trabalhava como empresário de MCs, foi morto em plena manhã de praia cheia, no Bairro Novo.
Apesar de a polícia já ter anunciado a prisão dos assassinos do juiz, o que chama a atenção é o destemor dos bandidos. Como se fossem donos da cidade, executam pessoas, entram no carro e vão embora. Não temem mais polícia, nem nada.
No Rio de Janeiro a situação é bem pior. Em represália à morte do sobrinho do chefe do grupo miliciano, o grupo de bandidos queimou 35 ônibus e um trem, provocando caos na cidade e levando pânico à população. Deixaram um rastro de destruição e um prejuízo de ao menos R$ 35 milhões.
Reações
Em Pernambuco, a governadora Raquel Lyra tinha programado o lançamento do Juntos pela Segurança no dia 28 de setembro, prazo não cumprido. Agora está previsto para o final deste mês ou início de novembro, quase um ano após a posse e números muito ruins no setor.
Já no Rio, não como qualificar o que acontece por lá. Horas antes de os ônibus serem incendiados, o governador Cláudio Castro escreveu no X (antigo Twitter): “O crime organizado que não ouse desafiar o poder do Estado!”. Não só ousaram desafiar como humilharam o governo.
Podemos olhar para a Bahia, para o Amazonas, todos os estados com problemas na área de Segurança Pública. Vendo a forma de atuação dos bandidos, o que se vê é zero preocupação com o poder público. Agem como se não houvesse amanhã. E o amanhã sempre tá vindo. E dava vez pior.