“Eu tinha Arraes como segundo pai”

Quando caminhava pelos grotões o governador Miguel Arraes era chamado de “pai Arraia” pelos mais humildes moradores das localidades. Mas talvez quem mais tenha motivos ter um carinho paternal pelo líder foi aquele que estava ao seu lado desde a volta do exílio. Adilson Gomes da Silva conviveu como poucos com Arraes. Recebeu conselhos, ouviu lições e hoje afirma: “Arraes foi meu segundo pai”.

Há quase seis décadas na política, teve uma condição rara. Foi o principal assessor de dois dos maiores nomes da política nas últimas décadas. Esteve ao lado de Jarbas Vasconcelos, organizando o MDB, no período mais duro do regime militar. A pedido do próprio Jarbas, foi dar assistência a Arraes, quando ele retornou do exílio, em 1979. E não saiu mais do lado dele.

Hoje completa 79 anos. Com voz mansa, Adilson Gomes é um arquivo vivo da história política de Pernambuco das últimas seis décadas. Sabe nomes, números e detalhes de todos os acontecimentos importantes. Ele recebeu o site márciodidier.com.br no 14º andar do Empresarial Burle Marx, onde funciona o escritório estadual do PSB.

Do início com Jarbas, passando pela chegada e retorno de Arraes ao governo, as mortes de Arraes e Eduardo, nada passa pela memória de Adilson Gomes. Inclusive um fato inusitado: a visita de Marco Maciel a Miguel Arraes, no Hospital Esperança, pouco antes da morte do líder socialista. Foi num sábado à tarde, sem que a imprensa soubesse.

Acompanhe a entrevista.

“Arraes era uma pessoa que falava pouco, se comunicava com todo mundo, ao contrário do que muitos dizem, de que ele era arredio”

“Ingressei na Assembleia em 1962, junto com doutor Jarbas Vasconcelos. Me botaram para trabalhar no elevador e ele na portaria, recebendo os chapéus dos deputados. Eu ficava conversando com Jarbas o tempo todo”

“No exílio, doutor Arraes disse a Brizola que não iria para o partido que ele iria criar. Ia se filiar ao MDB, que tinha feito o guarda-chuva e abrigado todo mundo que foi contra o golpe”

“Para você ter uma ideia, eu não fui para o enterro. Eu saí para beber. Fui descarregar. Fui para um restaurante para encher a cara de uísque para ver se esquecia. Eu não fui para o enterro, não”

“(Arraes) Foi um grande conselheiro e eu tinha ele como um segundo pai”

“Tudo mundo é unânime em dizer que sim (que Eduardo Campos seria presidente). Ele tinha se preparado como se preparou para ser governador”

“Foi um choque (a morte de Eduardo). Parou tudo, foi aquela comoção”

“(João candidato em 2026) O tempo é que vai dizer. O partido continua trabalhando e se estruturando”
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SOBRE O EDITOR
Márcio Didier

Márcio Didier é jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco, com passagens pelo Jornal do Comércio, Blog da Folha e assessoria de comunicação

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