Comecei a trabalhar com política na campanha da eleição em que Jarbas Vasconcelos derrotou o seu ex-aliado e que se tornou rival Miguel Arraes, em 1998. Até então era editor-assistente de Brasil/Internacional e a minha primeira experiência foi justamente no maior embate da política pernambucana do século passado.
Depois daquela eleição, tive oportunidade de viver grandes momentos na cobertura política. Pude acompanhar a primeira viagem ao Sertão de Miguel Arraes depois da derrota para Jarbas; pude entrevistar os então candidatos Lula e José Serra, no Programa Supermanhã, de Geraldo Freire; a vitória de Eduardo Campos, numa eleição em que dia sim, dia também, chegavam informações de que ele iria desistir por falta de estrutura. Mas as entrevistas com Jarbas sempre renderam bem.
A história do vídeo, foi uma delas. Teve uma bem tensa, quando ele retornou do exterior (creio que da Índia) e o Brasil vivia uma crise energética, com direito a apagão. O governador não queria se meter no assunto e estava bem refratário com a imprensa. Quando a repórter do Diario de Pernambuco Isabela Fernandes fez uma pergunta. Já irritado, ele deu um fora nela. Tentei interceder, mas àquela altura, podia descambar para um confronto maior. No dia seguinte, a matéria estava nas páginas do JC, onde eu trabalhava, mas o Diario nada deu.
Mas a maioria das história sempre foram bem-humoradas. Ou histórias de vida. Jarbas Vasconcelos fez questão de aos poucos ir aparando as arestas com os seus desafetos da longa trajetória política. Foi com Miguel Arraes, já na UTI do Hospital Esperança; foi com Carlos Wilson; foi com Eduardo Campos. Não deixou as coisas para depois. Resolveu em vida as desavenças da política.
E nesta terça-feira, 5 de setembro, chega ao fim um dos mais importantes, aguerridos e bonitos capítulos da história política de Pernambuco. Jarbas deixou exemplos, apontou caminhos. Partiu da vida pública com uma trajetória reta, uma forma que só os grandes líderes sabem traçar.